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Larissa Almeida
Publicado em 13 de junho de 2025 às 05:20
A síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que é definida como a versão mais agravada da gripe, do resfriado ou da Covid-19 – podendo, inclusive, levar à morte – tem como principais vítimas, na Bahia, crianças de até 4 anos de idade. Segundo dados mais recentes do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), 2.670 crianças dessa faixa etária foram diagnosticadas com essa condição entre 1º de janeiro e 9 de junho deste ano, o que corresponde a 53% do total de casos (5.007). >
Nesta quinta-feira (12), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um alerta quanto ao crescimento de casos de SRAG em crianças no Nordeste. No novo boletim InfoGripe, realizado pela entidade, a capital baiana aparece entre as 17 capitais que tem nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo, e entre as cidades em que a SRAG continua apresentando crescimento da incidência em crianças. >
Um quadro de SRAG inclui coriza e obstrução nasal, dor de garganta e tosse. Depois, há evolução que comete as vias aéreas inferiores, o que leva aos sintomas mais graves, como falta de ar, escurecimento dos lábios, dor torácica, dificuldade para falar e respirar, podendo chegar a situações mais extremas, como insuficiência respiratória – que é quando ele não consegue mais respirar sem ajuda mecânica – e afundamento das costelas, em crianças, pelo esforço feito para manter a respiração. >
Mais da metade (53,5%) dos casos de síndrome respiratória aguda grave no estado são causadas pelo rinovírus, o vírus responsável pelos resfriados. Segundo especialistas, as crianças são mais vulneráveis à infecção por uma junção de fatores. O primeiro deles é o desenvolvimento imunológico. >
“Essa maior suscetibilidade de infecção em crianças de até 4 anos, seja por rinovírus, Vírus Sincicial respiratório ou Influenza, se deve ao fato de que pessoas dessa idade ainda não têm o sistema imunológico robusto, então elas têm um risco maior de desenvolver casos complicados”, destaca a infectologista Clarissa Cerqueira. >
Claudilson Bastos, médico infectologista e consultor do Sabin Diagnóstico e Saúde, chama atenção para a sazonalidade desses vírus, que costumam aparecer em períodos mais frios, sobretudo o outono. Segundo ele, esse fator também contribui para a facilidade de contágio por parte das crianças. >
“A depender do tempo e clima, essas crianças podem ficar vulneráveis, sobretudo as institucionalizadas, que têm maior facilidade de transmissibilidade entre elas [por conta da aglomeração]”, pontua o infectologista Claudilson Bastos. >
O infectologista Adriano Oliveira esclarece, no entanto, que o tempo frio por si só não favorece a doença, mas sim o comportamento das pessoas diante da mudança de temperatura. “Muita gente pensa que é o frio ou a chuva que traz a doença, quando, na realidade, esses dois fatores fazem com que a gente fique mais trancado em ambientes fechados, favorecendo a circulação e alcance do vírus”, explica. >
Ainda de acordo com ele, o mais perigoso dentre os vírus causadores da SRAG é a Influenza e a Covid-19, que mais frequentemente trazem complicações, daí a importância da vacinação para prevenir esses casos. Ele também reforça que é importante manter o alerta aceso e evitar resfriados mantendo distância social de um metro, usando máscaras e higienizando as mãos com frequência em locais com muita aglomeração. >